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6 dados que mostram o quanto a educação no Brasil está péssima

A política de educação no Brasil está em pauta no governo, e não é por menos. O país apresenta níveis péssimos e preocupantes na qualidade de ensino. Como resolver?
 
No dia 22 de agosto, o presidente Michel Temer anunciou por meio de Medida Provisória, que iria reformular o Ensino Médio brasileiro. Na redação da MP, com respaldo do Min. da Educação Mendonça Filho (DEM-PI), alunos a partir do segundo ano poderiam escolher matérias as quais teria um ensino complementar, a proposta também desobrigava as escolas de ofertarem matérias como Educação Física e Artes. A medida gerou forte reação da opinião pública, que se manifestou na internet. Temer voltou atrás e disse que a redação da Medida Provisória não tornaria facultativa nenhuma optativa. Este episódio esta reacendendo um debate profundo sobre os problemas da educação no país. Para auxiliar no diagnóstico (e adianto: é desalentador) o Na Hora Online disponibiliza parte de uma análise feita pelo estudante de Economia na Unicamp Thomas Conti.
 
No começo do ano, a OCDE publicou um estudo sobre a qualidade de ensino em 64 países, onde o Brasil ficou entre os 5 piores em porcentagem de alunos com baixo desempenho. Em relação à população absoluta, o Brasil ficou em penúltimo lugar.
 
O estudo compara resultados do exame PISA (Programa para Avaliação de Estudantes Internacional, em inglês) feitos no ano de 2012 pelos países analisados. A nota do exame é dividida em 6 níveis, sendo o nível 1 classificado como “baixo desempenho” e a partir do nível 2 o estudante é considerado com o mínimo nível de proficiência exigido para a sua série. Então quando o artigo falar em “baixo nível de proficiência”, ele estará se referindo a estudantes que sequer conseguiram atingir a nota mais baixa da classificação da prova. As questões da prova são divididas em três áreas de competência: matemática, interpretação de textos e ciências.
 
Tendo isto em mente, respire fundo e tente não se desesperar com os fatos a seguir.

 

1 – 68% dos estudantes não atinge o nível mínimo de proficiência em pelo menos uma das áreas de competência (matemática, interpretação e ciências).

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 Esta é a porcentagem de estudantes que não consegue o mínimo em matemática, interpretação de textos ou ciências. Neste quesito, o Brasil está em 59º entre os 64º países estudados. “Ganhando” apenas de países como Tunísia, Colômbia e Qatar. A média dos países é de 28%.
Além disso, a porcentagem dos alunos que tem baixo nível de proficiência em todas as áreas estudadas chega a quase 40%
 
 

2 – O Brasil está entre os 10 países mais desiguais em qualidade de ensino, mas o ensino é ruim mesmo para que é rico.

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No Brasil, nascer entre os 25% mais pobres significa ter 85% de chance de ter um desempenho abaixo do mínimo de proficiência. Em contrapartida, para quem nasce entre os 25% mais ricos essa chance cai para 44,9%.
Mas se compararmos esta porcentagem com outras nações, vemos que a educação está dramaticamente ruim, até para as camadas mais ricas. No Vietnã, por exemplo, os 25% mais pobres tem apenas 24,8% de chance de ficar abaixo da proficiência.
Em geral, o Brasil está entre os 10 países com maior desigualdade de nível educacional entre ricos e pobres, junto a países como Chile, Uruguai, Peru e Israel.

 
 

3 – Somos um dos 8 países com maior desigualdade entre gêneros no ensino.

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A desigualdade no nível de proficiência educacional entre homens e mulheres não tem nada a ver com questões naturais ou biológicas. Na verdade, em alguns países com excelente desempenho educacional como Singapura, as mulheres tem um nível um pouco melhor que os homem em proficiência, e em países como Noruega e Cazaquistão não há diferença significativa entre os gêneros.
Ainda assim no Brasil as mulheres tem 86% a mais de chance de ter baixo desempenho em matemática que os homens. Isso devido a diversos fatores como menor incentivo a estudar esta matéria, entre outros; e também reflete na disparidade de gêneros no ingresso a graduações de ciências exatas no Brasil, como física e engenharias.
 
 

4 – Crianças que não fizeram educação infantil tem 2 vezes mais chances de falhar em matemática do que aqueles que puderam fazer mais de 1 ano de educação infantil.

 
A educação infantil, é aquela que a criança até os 6 anos de idade frequenta, antes de entrar no primário. Ela não é obrigatória, mas é considerada fundamental no melhoramento do desempenho das crianças ao longo da vida escolar. Por isso o Estado brasileiro busca universalizar o acesso às crianças. Segundo o PNAD (2012), 85% das crianças brasileiras entre 4 e 5 anos já conseguem ter acesso a educação infantil. A meta do ensino infantil universal ainda está longe de ser concretizado: estes 15% restantes correspondem a aprox. 1 milhão de novas vagas necessárias.
 
 

5 – No brasil, os estudantes que apresentam os piores resultados em matemática estudam apenas 3 horas por semana.

 
Nos países da OCDE estudados, a média de 6 horas por semana seria suficiente para diminuir a chance de um aluno ter baixa proficiência em 70%. Isso pode acontecer por vários fatores: alunos desinteressados no ensino, falta de exigência da escola, baixa expectativa da família em relação ao potencial intelectual do aluno, falta de capacidade de concentração ou paciência de estudo, dentre outros.

 
 

6 – Apenas 1% dos estudantes conseguem atingir o nível de proficiência máxima em matemática.

 
Até agora falamos da porcentagem de alunos com baixa proficiência. Se conferirmos a outra ponta da escala de desempenho, concluimos que ele chega a apenas 1% do total de estudantes. Isso não significa necessariamente que esta minoria seja composta de gênios. Em Singapura, por exemplo, o 1º do mundo em número de alunos com altíssimo desempenho, 40 de cada 100 estudantes atingem o maior nível da escala!
Imagine um rendimento tão bom aqui no Brasil?
Estes foram apenas alguns dos dados apresentados no estudo, que já dão uma dimensão do quão dramática está a situação da educação no Brasil. Este é um problema fundamental e muito antigo, que determina a prosperidade econômica, cidadania e bem-estar social das futuras gerações. Mas que por enquanto só se ver um horizonte sombrio pela frente.
Texto original de Thomas Conti disponível em: http://bit.ly/2d4UTgp
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