Covid-19: em 7 dias, Mandetta volta à linha de tiro e mortes dobram no país
O ministro foi poupado e seguiu no cargo, após a ala militar do Planalto dissuadir o presidente da ideia.
O ministro foi poupado e seguiu no cargo, após a ala militar do Planalto dissuadir o presidente da ideia.
Levou uma semana para o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltar à linha de tiro de Jair Bolsonaro (sem partido). As alfinetadas ao presidente em entrevista ao “Fantástico”, no último domingo (12), pegaram mal no governo, a ponto de o próprio Mandetta reconhecer que está ameaçado no cargo e admitir a interlocutores que errou ao confrontar o chefe na TV.
Na semana passada, Mandetta se viu na corda bamba após Bolsonaro insinuar a sua demissão. O ministro foi poupado e seguiu no cargo, após a ala militar do Planalto dissuadir o presidente da ideia.
Desta vez, porém, o posicionamento público no Fantástico custou ao ministro o suporte dessa ala militar, como revelou a colunista do UOL Thaís Oyama. Mandetta, que é médico, já recebeu o recado de que sua saída voltou a ser uma possibilidade.
Mortes mais do que dobraram
Levou igualmente uma semana para que o número de mortes pelo novo coronavírus no Brasil mais do que dobrasse. Ontem (14), o Ministério da Saúde anunciou 204 novos óbitos, chegando a 1.532 vítimas no país. Em 7 de abril, terça-feira passada, eram 667 casos fatais.
Esse é o maior número de mortes confirmadas no Brasil em um período de 24 horas, o que coloca o país em sétimo lugar no ranking dos que mais confirmam óbitos em um dia, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Essas 204 novas vítimas não morreram de segunda (13) para terça (14). Na última atualização há, por exemplo, o caso de uma pessoa que morreu em 25 de março, mas só houve confirmação para covid-19 agora. O pico de mortes continua sendo o dia 5 de abril, quando houve 86 mortes no país.
O ritmo pelo qual as mortes cresceram no Brasil só é comparável ao registrado nos Estados Unidos, Bélgica e Reino Unido, que também dobraram o número de óbitos nos últimos sete dias, segundo monitoramento da Universidade de Oxford.
O que também anda acelerada é a fritura de ministros do governo Bolsonaro. Além de Mandetta, Sergio Moro (Justiça) virou alvo, desta vez dos filhos 02 e 03 de Bolsonaro — como o presidente gosta de se referir a eles. Na segunda-feira (13), Carlos e Eduardo Bolsonaro tuitaram uma crítica à iniciativa do Ministério da Justiça de comprar tablets para que presidiários conversem virtualmente com seus familiares, já que as visitas aos detentos foram cortadas em razão da pandemia.
Segundo a colunista Thaís Oyama, Moro entrou na mira dos filhos do presidente desde que instâncias diversas da Justiça passaram a contrariar iniciativas do governo federal para o combate ao coronavírus.
Carlos e Eduardo, informa Oyama, estão contrariados porque o ex-juiz não defende incondicionalmente as posições do presidente, assim como o procurador-geral da República, Augusto Aras. Para eles, Moro deveria “questionar mais” decisões contrárias à posição de Bolsonaro, sobretudo as relacionadas à política de isolamento social.
Via UOL *Colaborou Carolina Marins