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Deputado de Rondônia quer militarizar escolas do Estado; secretária é suscetível à ideia

Porto Velho, RO – De repente, de uma hora para outra, o deputado Jesuíno Boabaid (PMN) surge, de forma autoproclamada, como a solução para os problemas na Educação – e Segurança Pública, diga-se de passagem. Devaneios à parte, se o falatório fosse apenas para aparecer, como acontece rotineiramente no meio político, não haveria qualquer problema.

A questão é que Boabaid conseguiu a atenção da secretária de Estado da Educação Fátima Gavioli. Isso quer dizer que existe uma grande probabilidade de a imaginação fértil do parlamentar alcançar status de realidade. É preciso ressaltar que, ao menos aparentemente, Gavioli é titular da pasta na gestão de Confúcio Moura (PMDB) e não ministra do Governo Médici.

Jesuíno, eleito graças à força dos policiais militares – categoria que defende com unhas e dentes de forma muito competente – já foi, em outros tempos, um insurgente. Rebelou-se contra o Estado a fim de defender os interesses dos militares. Foi preso e, logo em seguida, tornou-se uma espécie de mártir da causa, obtendo sucesso ao ser perdoado judicialmente por participar dos levantes contra o governo, sua fonte remuneradora à época.

Confira abaixo

12/12/2011 – Presidente da Assfapom, Jesuíno Boabaid, é preso em Porto Velho

Agora, na condição de membro da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), corre na contramão de seus ensinamentos práticos visando doutrinar – palavra que ele próprio usou –  crianças e adolescentes propiciando um cenário futurista dantesco recheado de adultos subservientes e robotizados.

“Há normas também sobre a aparência. O corte de cabelo masculino é feito com máquina 2, e refeito de 15 em 15 dias. Não é permitido barba, bigode ou cavanhaque, brinco, piercing nem óculos escuros. Guarda-chuva, somente na cor preta”, revela texto publicado no site oficial do deputado.

Logo em seguida, destaca:

“Os cabelos femininos podem ficar soltos, contanto que não ultrapassem a altura da gola do uniforme. Se médio ou longo, deve ser preso. Mechas coloridas são proibidas. As unhas devem ser incolores ou pintadas apenas nas cores branca e rosa-clara. Ao cruzarem com um professor, diretor ou monitor, os alunos devem prestar continência. Namorar, beijar, andar abraçado ou de mãos dadas é considerado transgressão disciplinar e os pais são chamados”.

Leia a íntegra aqui – Deputado Jesuíno se reúne com secretária de Educação e trata sobre escolas militares em RO

Ser uma autoridade e conviver com outras pode ter alterado algumas concepções de Jesuíno. De comandado a comandante, a necessidade de receber afagos obrigatórios, ao que tudo indica, virou prioridade.

Na própria notícia reverberada na página do parlamentar é mencionado que “apenas uma pequena parte, uma espécie de “grupinho”, formada por alguns professores e membros da direção, é contrária ao projeto, com o intuito de prejudicar o bom andamento do mesmo”.

Geralmente pessoas que se posicionam de forma contrária a pretensões “militarescas” são cunhadas e tachadas de maneira pejorativa, já que argumentação mesmo não há.

Aliás, os docentes, mal remunerados e que suportam toda ordem de impropérios no exercício da carreira, são os que mais precisam de apoio no sentido de valorização (remuneração, não continência. O respeito em si já bastaria).

Inclusive, o texto sofrível apresentado pela assessoria deixa claro que o grande problema da Educação tem mais a ver com o aprendizado – ou falta dele – do que com a necessidade de se bater continência a esmo a quem se considera superior ad eternum.

 

Rondoniadinamica

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