Modern technology gives us many things.

Montanha-russa do atraso-Professor Nazareno*

E como se não bastasse sua característica feiura, eis que agora a bisonha classe política local inventou de construir um arremedo de “montanha russa do nada” lá pelas bandas da avenida que dá acesso ao precário aeroporto da cidade.

Porto Velho não tem absolutamente nada para se apreciar em termos de turismo. Na verdade nunca teve algo que lhe desse a impressão de ser pelo menos um núcleo urbano habitado e que justificasse a vontade de algum turista louco em querer visitá-la. A cidade é feia, com ruas tortas, sem planejamento urbano nenhum, suja, cortada por igarapés podres que já viraram esgotos a céu aberto, sem praças, sem recantos de lazer, sem arborização e pontilhada de lixo por todos os lados. Compará-la a um cemitério seria não dar a menor importância à beleza de uns campos santos. É mesmo uma velha e abandonada currutela. E como se não bastasse sua característica feiura, eis que agora a bisonha classe política local inventou de construir um arremedo de “montanha russa do nada” lá pelas bandas da avenida que dá acesso ao precário aeroporto da cidade.

Carro-chefe dos oito anos da apagada administração estadual, o chamado Espaço Alternativo é uma obra eleitoreira daquelas que parecem nunca ter fim para serem concluídas. E pior: como muitas outras da cidade, o “elefante branco” não tem beleza nenhuma. Para que diabos serve um trambolho ridículo feito de ferro e aço esparramado ao longo de uns 500 metros no meio de uma avenida sem nenhuma importância? Qual o significado daqueles semicírculos horrorosos que imitam uma montanha-russa muito mal feita? Será que estão dizendo que aquilo se trata de mais uma obra de arte? Arte sem ser arte já se têm muitas por aqui, basta a ponte escura do Madeira, as Três Caixas d’Água, o Mercado Cultural e mais um monte de prédios inúteis e feios que só se veem em lugares habitados por gente simplória que desconhece o verdadeiro sentido da arte.

Antes, o lugar era repleto de árvores frutíferas e o verde abundava. O barulho de um igarapé ainda limpo encantava a todos. Fazia gosto caminhar respirando o pouco de ar puro que ainda havia na cidade. Pássaros não faltavam. Hoje aquele chamado recanto de lazer é lúgubre, feio, cheio de concreto e sem o verde que antes lhe caracterizava. É mais uma obra feita sob medidasomente para angariar votos dos mais incautos em tempos de eleição. Aliás, a sua inauguração deve coincidir com alguma data importante durante o pleito. Querem apostar? Fato: aqueles arcos infernais e sinistros, com falta de manutenção característica, podem cair em cima dos transeuntes algum dia.Assim como o próprio símbolo da cidade lá no centro. Mas Deus nos livre disto! Deixei de caminhar ali: fiz o meu protesto silencioso pelas centenas de árvores que foram arrancadas.

A falta de beleza de Porto Velho, no entanto, é apenas uma consequência do que é a maioria de seus cidadãos. A cidade é suja e desorganizada porque somos também sujos e desorganizados. O atual prefeito, que nada tem a ver com aquela “obra dos infernos”, ainda não disse a que veio. Faz uma administração pífia, insignificante, reles, insossa e ainda não beijou, acariciou ou cuidou da cidade como prometera durante a campanha quando recebeu mais de 150 mil votos dos porto-velhenses. Nem no Estado e muito menos em sua fedorenta e desorganizada capital nada melhorou nos últimos anos. E este ano tem eleições de novo, mas nada adiantará: o povo vai às urnas para reconduzir aos mesmos cargos todos os maus políticos a fim de continuar o caos. Enquanto ganhar de presente “montanhas-russas” imprestáveis e “elefantes brancos” inúteis, o povo continuará com a sua saga de ser seu próprio carrasco. Mas até quando?

*É Professor em Porto Velho.

você pode gostar também
Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.