Presidente do BNDES diz desconhecer envolvimento de Paulo Guedes em possíveis irregularidades

Gustavo Montezano participou nesta terça-feira (27) de audiência pública da CPI que investiga denúncias de ilegalidades no banco oficial de fomento

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Gustavo Montezano, defendeu a total transparência da instituição e reafirmou que a meta número um da sua gestão é abrir a “caixa preta” do BNDES.

Montezano, no entanto, disse desconhecer formalmente o envolvimento do ministro da Economia, Paulo Guedes, em possíveis irregularidades com investimentos em fundos de pensão de estatais e recursos do banco oficial de fomento, por meio da empresa BR Educacional, gestora de ativos de Paulo Guedes antes de ele assumir a pasta no governo Jair Bolsonaro.

Montezano (segundo à esquerda) prometeu abrir a “caixa preta” do BNDES

Gustavo Montezano, que assumiu a presidência do BNDES em 16 de julho último, participou de audiência pública nesta terça-feira (27) da CPI que investiga possíveis irregularidades no banco no período de 2003 a 2015, nos governos petistas.

Montezano afirmou que só conhecia o assunto relativo a Guedes pela imprensa, mas está aberto a investigar: “A gente quer transformar essa missão de abertura da caixa preta em uma cultura de transparência”. “Então, toda e qualquer informação que o senhor julgar necessária, seja relativa a jatinhos, investimentos em educação ou qualquer outro setor da economia, o banco vai ter toda a vontade e disponibilidade de prover ao senhor.”

Essa resposta do dirigente foi dada ao deputado Paulo Ramos (PDT-RJ), autor do requerimento para a realização do debate. O parlamentar, por sua vez, ressaltou que as informações provêm de investigações do Ministério Público Federal.

“O próprio presidente do BNDES, doutor Montezano, tem vinculações, a partir do pai, com o ministro Paulo Guedes. E, lá no BNDES, o ministro Guedes está completamente encalacrado”, declarou Ramos. “Com o senhor [Montezano] como presidente, nós temos garantias de que não haverá obstrução da Justiça, de que os documentos permanecerão intactos?”, questionou.

Paulo Ramos quer que a CPI vote o seu requerimento para que Paulo Guedes preste depoimento ao colegiado, inclusive de forma reservada.

JBS

O relator da CPI, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), destacou que tudo deve ser investigado. Ele cobrou informações do BNDES sobre a aquisição do frigorífico Bertin pela empresa JBS. “No caso específico de um contrato da JBS, que existe uma fraude possível em torno de R$ 10 bilhões segundo auditoria internacional, o senhor não nos trouxe uma resposta concreta.”

Montezano se comprometeu a “fazer o dever de casa” e verificar os dados desejados pela CPI.

Cronograma

Com os trabalhos chegando ao fim no próximo dia 22 de setembro, o presidente da comissão, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), ressaltou “as ações técnicas e apartidárias” da CPI e informou que o colegiado já tem nomes de envolvidos em irregularidades no BNDES.

“Essa CPI foi diferente de outras duas que aconteceram aqui no Congresso Nacional, uma na Câmara e outra no Senado, quando não tivemos resultado nenhum. Nós daremos resultado. Temos uma CPI que vai buscar CPF, vai buscar nomes pra poder apontar responsabilidades.”

Altineu Côrtes informou que parte de seu relatório já está concluída.

 

Reportagem –Newton Araújo
Edição – Marcelo Oliveira

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