Hoje resolvi falar mais diretamente sobre literatura, portanto para tal empresa, escolhi como objeto de estudo o grande escritor português, José Saramago. Saramago não é grande nem gênio, apenas pelo fato de ter sido laureado com um Nobel de Literatura já no final de sua carreira. Sua genialidade não necessitaria de julgamento de alguma academia sueca para ser percebida por quem habita no universo literário.

Saramago é o ateu mais humano e espiritualizado que conheci, seus livros tratam de questões universais relevantes, sobretudo da preocupação e da necessidade de ensinar aos homens o valor do espírito coletivo. Seus livros, como ele gostava de dizer, são grandes poemas que necessitam uns dos outros para se completar, seus ensaios em forma de romances, cuidam de nos indicar e de nos alertar sobre um abismo, para o qual toda humanidade está preste a sucumbir.

Em seu Ensaio sobre a cegueira, Saramago, de forma magistral, por se tratar de magnifica ficção, onde ele cria um mundo que enfrenta o caos da falta de amor do homem pelo homem, mas acima de tudo ele nos indica um caminho, uma solução: a generosidade da Mulher do Médico, que representa a iluminada lucidez humana, que a maioria dos homens parece que perdera desgraçadamente.

Saramago foi um homem comum, que despertou para a grandeza do espírito humano pela leitura. Homem simples, pobre e sem estudo superior, iniciou seus estudos autodidata, em uma biblioteca pública, para onde ia todas as noites, em busca de descobrir o mundo e suas complexidades. Sobre sua obra podemos falar infinitamente, sem, contudo, conseguir desvendar seu gênio incomum.

Foram 17 livros, os quais tive o privilégio de estudar minuciosamente, e muitos outros textos, peças de teatro, crônicas e poesias, entre eles destaco dois livros: Os poemas possíveis e Provavelmente alegria, que revelam Saramago grande poeta, no entanto Saramago resolveu deixar o poeta encubado, pois almejava ser o maior escritor de língua portuguesa, feito singular que encontra hoje consenso entre grandes críticos mundiais.

Lista dos romances de José Saramago

“Terra do pecado” (1947)
“Manual de pintura e caligrafia” (1977)
“Levantado do chão” (1980)
“Memorial do convento” (1982)
“O ano da morte de Ricardo Reis” (1984)
“A jangada de pedra” (1986)
“História do cerco de Lisboa” (1989)
“O Evangelho segundo Jesus Cristo” (1991)
“Ensaio sobre a cegueira” (1995)
“Todos os nomes” (1997)
“A caverna” (2000)
“O homem duplicado” (2002)
“Ensaio sobre a lucidez” (2004)
“As intermitências da morte” (2005)
“As pequenas memórias” (2008)
“A viagem do elefante” (2008)
“Caim” (2009)

Para iniciar a exploração impressionante do universo saramaguiano, indico o livro mais poético do nosso autor premiado, que também estreia com pena de ouro em nossa coluna.   Leia, como introdução apropriada: As intermitências da morte. É sem dúvida o meu favorito, depois do Ensaio sobre a cegueira. Caso queira pode inverter a minha ordem particular.

Boa leitura… depois nos entendemos.

por Evan do Carmo

Evan do Carmo, Nascido na Paraíba em (29/04/64) é poeta, escritor, romancista, jornalista, músico, filósofo e crítico literário. Fundou e dirigiu o jornal Fakos Universitário. Criou em 2009 a revista Leitura e Crítica. Tem 22 livros publicados, sua obra está disponível em 12 países, (um livro editado em inglês. (O Moralista) Entre outros estão: O Fel e o Mel, Heresia poética, Elogio à Loucura de Nietzsche, Licença Poética, Labirinto Emocional, Presunção, O Cadafalso, Dente de Aço, Alma Mediana, e Língua de Fogo. Participou também com muitos contos em antologias. Foi um dos vencedores do concurso Machado de Assis do SESC DF de 2005. Em 2007 foi jurado na categoria contos do concurso Gente de Talento 2007 promovido pela Caixa Econômica Federal, ao lado de Marcelino Freire. Em 2012 criou e editou até 2015, os Jornais: Correio Brasília, Jornal de Vicente Pires, Jornal de Taguatinga e o Jornal do Gama. Evan do Carmo é estudioso da obra de José Saramago, em 2015 publicou o livro Ensaio Sobre a Loucura, e o livro Reflexões de Saramago, momentos antes de sua morte, o livro nos oferece um panorama perfeito na voz do próprio Saramago em forma de ficção ensaísta, sobre a obra do Nobel Português. Em 2016 criou a Editora do Carmo e o projeto Dez Poetas e Eu, onde já publicou 100 poetas, e o livro Um Brinde à Poesia, uma obra de coautoria com outros poetas contemporâneos.

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