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O que faremos com os nossos Mártires?

Começamos com um negro americano, que ao ser morto se tornou um mito, um símbolo da resistência contra o preconceito racial, em todo o mundo. Luther King, nasceu em Atlanta15 de janeiro de 1929, e foi assassinado na cidade de Memphis no Tennessee, (EUA) em 4 de abril de 1968). Ele foi um pastor protestante e ativista político. Luther King  foi um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, com uma campanha de não violência e de amor ao próximo, tomada emprestada de Gandhi.

 

 

A luta de King foi um marco na história dos estados unidos, sua morte não foi em vão, pois muitas coisas pelas quais ele lutou em vida, só se efetuaram depois de sua morte, e não raro, líderes de todo o mundo usam suas frases de efeito, evocam sua luta para atrair plateias, em diversos contextos político-sociais. Era um homem incomparável, que viveu em um momento especial para humanidade, sobretudo para a nação negra americana.

Gandhi, sua história se assemelha muito com a de Luther King, ambos foram mais importantes mortos do que vivos, pois em vida, apesar de suas boas intenções, não conseguiram tudo que almejavam com suas lutas. Todavia, podemos citar outro homem, que também virou mito e mudou a história do seu país, Mandela, 25 anos presos injustamente, vítima de um regime pelo qual lutou contra, mas não conseguiu derrotar, foi vencido, não foi morto, mais foi impedido de prosseguir com seu discurso de liberdade e igualdade para todos.

Citaria muitos outros pelo mundo afora, contudo, temos no Brasil muitos outros que merecem destaque, temos de fato nossos próprios heróis e mitos. Zumbir dos Palmares, Chico Mendes, e, agora, mais recentemente, a moça, Marielle Franco, mulher negra e jovem, abatida pela covardia de homens cruéis, “não sabemos quem foi que a matou”, dizem a polícia e tantos outros, mas vamos ao ponto em questão.

Quem a matou, foram os mesmos que mataram Luther King e Gandhi, Chico Mendes e todos os outros mártires em discussão. Abaixo algumas citações de Marielle Franco, dias e horas antes de ser covardemente assassinada, leiam, há como saber qual era sua luta, pelo que lutava com tanta coragem, a ponto de enfrentar o sistema ditatorial que governa o Brasil de hoje, ora embrulhado com o papel cintilante e reluzente de uma inventada democracia.

“O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens”

“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”

 

No entanto, não era só contra o “Batalhão da Morte” que ele lutava, também lutava contra o sistema político em que ela estava inserida, pois era vereadora e, portanto, fazia parte deste sistema podre que é a política brasileira.

“Ontem perguntaram para Bolsonaro se ele vai colocar mais mulheres para atuar no seu governo, caso ganhe, eis a resposta: “Respeito elas, mas se colocar, vou ter q indicar qtos afrodescendentes?” Na cabeça dele, mulher e negro, só serve para cobrir cotas.”

O fato, é que no Brasil atual, ser partidário seja de que corrente for, é estar sobre o risco de ser preso, acusado injustamente de ladrão, ou ser, como no caso dela, vítima fatal da violência que esta mesma política, por tantas décadas não combateu.

Me importa agora é discutir, o que faremos com nossos mártires? Será que a morte desta mulher jovem e corajosa, fato este inquestionável, pelas suas ações em vida, sua morte em circunstâncias tão duvidosas, servirá por acaso de alguma coisa, para melhorar a vida de tantos brasileiros, negros, brancos ou pardos, todos cidadãos injustiçados pelo sistema político atual e pelas as instituições brasileiras, como a justiça, que cega sempre foi e sempre será, quando se tratar de equilibrar a balança social, entre ricos e pobres, negros e brancos.

Ainda há estúpidos que falam, outros que “escrevem” tolices, dizendo que ela morreu porque defendia bandidos e prostitutas. Não entro neste mérito, a questão, a meu ver é, ela era uma pessoa comum, mas que acreditava que poderia mudar o status quo com seus discursos inflamados de ideologias políticas e raciais. Contudo, a sua morte não seria justa, nem que ela fosse bandida condenada, pois, o fato é que seres humanos defendem seres humanos, não deveriam matar seres humanos, sendo estes negros ou brancos, pobres ou ricos, políticos ou policiais.

Evan do Carmo, 17/03/2018

 

www.evandocarmo.com

Evan do Carmo, Nascido na Paraíba em (29/04/64) é poeta, escritor, romancista, jornalista, músico, filósofo e crítico literário. Fundou e dirigiu o jornal Fakos Universitário. Criou em 2009 a revista Leitura e Crítica. Tem 22 livros publicados, sua obra está disponível em 12 países, (um livro editado em inglês. (O Moralista) Entre outros estão: O Fel e o Mel, Heresia poética, Elogio à Loucura de Nietzsche, Licença Poética, Labirinto Emocional, Presunção, O Cadafalso, Dente de Aço, Alma Mediana, e Língua de Fogo. Participou também com muitos contos em antologias. Foi um dos vencedores do concurso Machado de Assis do SESC DF de 2005. Em 2007 foi jurado na categoria contos do concurso Gente de Talento 2007 promovido pela Caixa Econômica Federal, ao lado de Marcelino Freire. Em 2012 criou e editou até 2015, os Jornais: Correio Brasília, Jornal de Vicente Pires, Jornal de Taguatinga e o Jornal do Gama. Evan do Carmo é estudioso da obra de José Saramago, em 2015 publicou o livro Ensaio Sobre a Loucura, e o livro Reflexões de Saramago, momentos antes de sua morte, o livro nos oferece um panorama perfeito na voz do próprio Saramago em forma de ficção ensaísta, sobre a obra do Nobel Português. Em 2016 criou a Editora do Carmo e o projeto Dez Poetas e Eu, onde já publicou 100 poetas, e o livro Um Brinde à Poesia, uma obra de coautoria com outros poetas contemporâneos.

Palestras e oficinas literárias (61) 981188607

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